domingo, 24 de fevereiro de 2013

Por que ler Nelson Rodrigues?

O que não falta são motivos para ler Nelson Rodrigues. Mesmo que sejam muitas e significativas as diferenças entre o leitor e o escritor, o Nelson, sim, o Rodrigues, ele e sua obra são fontes riquíssimas de temas e ideias importantes para reflexões que podem levar ao entendimento de alguns fatos a respeito do ser humano.

A obra de Nelson Rodrigues é formada por crônicas (há quem defenda que são ensaios), crônicas esportivas, romances, peças teatrais e folhetins. Sobre ele e sua obra existem livros publicados e estudos realizados em universidades. Alguns de seus textos foram adaptados para cinema e televisão.

O que Nelson Rodrigues produziu e o que ele disse no seu dia a dia causaram polêmica. E não era para menos. Nelson Rodrigues abordava temas delicados para a sociedade da época e, até mesmo, para as sociedades atual e futura. Estes temas estavam cobertos por véus que ele, tão bem, soube retirar. Ele tocava nas feridas, sem dó nem piedade e muito importante era o fato de ele apontar também para si, revelando as próprias imperfeições; ele era autocrítico.

"De vez em quando, alguém me chama de 'flor de obsessão'. Não protesto, e explico: — não faço nenhum mistério dos meus defeitos. Eu os tenho e os prezo (estou usando os pronomes como o Otto Lara Resende na sua fase lisboeta). Sou um obsessivo. E, aliás, que seria de mim, que seria de nós, se não fossem três ou quatro idéias fixas? Repito: — não há santo, herói, gênio ou pulha sem idéias fixas. (Nelson Rodrigues, na crônica Flor de Obsessão, A Cabra Vadia)

"É preciso ir ao fundo do ser humano. Ele tem uma face linda e outra hedionda. O ser humano só se salvará se, ao passar a mão no rosto, reconhecer a própria hediondez." (Nelson Rodrigues, site Nelson Rodrigues)

Toda a obra dele é baseada nas suas observações dos fatos da vida. A essência não era ficção, apenas o "nariz de cera" – expressão que ele utilizava – era fantasioso, era hiperbólico. Tinha como característica marcante a dramatização de tudo que escrevia. Não era um "idiota da objetividade" – expressão, também, cunhada e utilizada por ele. Escrevia, ele, de forma dramática e ao mesmo tempo agradável, crônicas esportivas, crônicas sobre política, crônicas sobre cultura ou crônicas sobre fatos corriqueiros. Não dramatizava somente nas obras teatrais. Por isso, seus textos despertam interesse. O drama de Nelson Rodrigues não era insosso, tinha diversos componentes, inclusive o humor, a ironia e o sarcasmo dentre outros.

"O ser humano é cego para os próprios defeitos. Jamais um vilão do cinema mudo proclamou-se vilão. Nem o idiota se diz idiota. Os defeitos existem dentro de nós, ativos e militantes, mas inconfessos. Nunca vi um sujeito vir à boca de cena e anunciar, de testa erguida: 'Senhoras e senhores, eu sou um canalha'." (Nelson Rodrigues, no livro Flor de Obsessão, Wikiquote)


Aqueles que eram incomodados por ele e por sua obra os atacavam. Muitas características foram atribuídas a ele (reacionário, pornográfico,...) de forma mais folclórica do que realística. Ele agia com fina ironia quando a ele eram atribuídos termos pejorativos. Ele ressignificava os tais adjetivos e, assim, os aceitava.

Pela coragem de abordar temas delicados e pela forma como abordava tais temas, de relevante importância para o desenvolvimento de valores humanos, por tudo isso, é que se deve ler, refletir e estudar a obra de Nelson Rodrigues.

"A grande vaia é mil vezes mais forte, mais poderosa, mais nobre do que a grande apoteose. Os admiradores corrompem." (Nelson Rodrigues, TV Cultura)


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A obra de Nelson Rodrigues aplicada às questões da vida

Sobre minhas discordâncias e concordâncias com o pensamento de Nelson Rodrigues

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