domingo, 24 de fevereiro de 2013

As bases da obra de Nelson Rodrigues: A leitura da vida

Há um aforismo que afirma que a vida é um belo livro e que é muito útil para quem o sabe ler. E esta leitura Nelson Rodrigues soube fazer muito bem. Fez tão bem que escreveu "a vida como ela é".

Nelson Rodrigues foi cronista (para alguns ele foi ensaísta), foi cronista esportivo, dramaturgo (suas peças teatrais tratam do que está nas profundezas do psiquismo humano. Aliás, toda a obra dele trata disso), escreveu contos (inquietantes e que provocadores), foi repórter (inclusive repórter policial), escreveu folhetins e novelas e teve alguns de seus textos adaptados para o cinema e para a televisão.

Cada texto de sua obra tem como base de composição o comportamento humano. Comportamento que ele observou por alguns meios. Ele que defendia um jornalismo literário – jornalismo que desse à notícia uma roupagem dramática e, consequentemente, humana e não a frieza da objetividade – levou esta característica para todos os seus textos. Essa carga dramática que quando necessária tinha como componentes doses de ironia e de humor - características marcantes do autor –, produzia os resultados de amor e ódio por sua obra. E era este efeito paradoxal que Nelson Rodrigues esperava. Entendo que dos aplausos ele precisava como combustível para continuar o trabalho e serviam também para sustentação do mesmo. As críticas negativas, os xingamentos e coisas afins demonstravam que ele conseguiu provocar algo que pudesse tirar os incomodados de uma letargia que os impedia de refletir sobre seus valores e consequentes atitudes.

Entender a importância e a necessidade de discutir a obra de Nelson Rodrigues é algo fundamental.

"O ensaio de Nelson Rodrigues representa, no conjunto, uma das melhores expressões literárias de diagnóstico de nosso tempo." (Luíz Augusto Fischer, no livro Inteligência com dor, 2009, pág. 297)

------------------------------------ x ------------------------------------
"O (Nelson Rodrigues) maior dos jornalistas literários - potencialmente literários - que tem tido o Brasil. [...] Ele é lido em livro, tão forte de virtude literária, quanto lido em jornal." (Gilberto Freyre, o escritor e estudioso social, no prefácio do livro O Reacionário)

------------------------------------ x ------------------------------------
"Posso não ter outras virtudes, e realmente não as tenho. Mas sei escutar. Direi, com a maior e deslavada imodéstia, que sou um maravilhoso ouvinte. O homem precisa ouvir mais do que ver. Qualquer conversa me fascina e repito: - não há conversa intranscendente. E, se duas pessoas se falam, a minha vontade é parar e ficar escutando. Uma simples frase, ainda que pouco inteligente, tem a sua melodia irresistível." (Nelson Rodrigues, no livro Inteligência com dor, 2009, pág. 206)

------------------------------------ x ------------------------------------
"Um ficcionista tem que ser um ouvinte, assim como o psicanalista." (Nelson Rodrigues, no livro Nelson Rodrigues por ele mesmo, 2012, pág. 263)

------------------------------------ x ------------------------------------
"O velho (Nelson Rodrigues) era um ouvinte sensacional. Ele ouvia muito e ele sempre achava que o ser humano tinha alguma coisa para dizer. Aliás, ele escreveu, por onze anos seguidos, diariamente, A Vida como ela É..." (Nelson Rodrigues Filho, vídeo)

------------------------------------ x ------------------------------------
"Ele não falsificava o homem. Sua obra era feita a partir do cotidiano, por isso persiste e é atual. Meu pai tinha tal poder de comunicação, tal interação com o brasileiro, que deixou leitores e admiradores diversos." (Nelson Rodrigues Filho, em Revista Brasilis)

------------------------------------ x ------------------------------------
"Todo o meu teatro tem a marca da minha passagem pela reportagem policial." (Nelson Rodrigues, no livro Nelson Rodrigues por ele mesmo, 2012, pág. 35)

------------------------------------ x ------------------------------------
"O trabalho como jornalista lhe permitiu conhecer as grandezas e as misérias da condição humana. O que certamente contribuiu para que pudesse narrar essa condição nas peças, nas novelas, nas crônicas." (Maria Lúcia Rodrigues, filha de Nelson Rodrigues, em Revista Brasilis)

------------------------------------ x ------------------------------------
"Nelson Rodrigues foi o nosso grande filósofo do cotidiano. É o maior fazedor de frases que conheci. Quando releio Nelson, não me canso de admirar sua capacidade de, com um mero adjetivo ou expressão, chocar pelo paradoxo, ferir pela ironia, refutar pelo absurdo ou desnudar secretas hipocrisias." (Roberto Campos, na orelha do livro A Cabra Vadia)

------------------------------------ x ------------------------------------
"Em minhas peças, quis retratar o trágico, em segundo lugar os valores e em terceiro o mau gosto, de que não abdico. Acho que ele faz parte do teatro e da cultura." (Nelson Rodrigues, no site Nelson Rodrigues)

------------------------------------ x ------------------------------------
"Essa busca do paraíso perdido encontrou nele uma dose de provocação que o tornou odiado por moralistas e progressistas." (Carlos Heitor Cony, no prefácio do livro O Reacionário)

------------------------------------ x ------------------------------------

Veja o que foi publicado em Fatos e Ângulos sobre:

Nelson Rodrigues

A obra de Nelson Rodrigues aplicada às questões da vida

Sobre minhas discordâncias e concordâncias com o pensamento de Nelson Rodrigues

Educação

Seja o primeiro a comentar

ESCREVA-NOS UMA MENSAGEM POR E-MAIL !
Mensagem para Blog Info

  ©Template Blogger Elegance by Dicas Blogger.

TOPO